câncer do colo do útero

O sistema em meio líquido proporcionou o aprimoramento da citologia convencional, aumentando a sensibilidade e especificidade do método e a possibilidade da ampliação de outros ensaios moleculares a partir de uma única coleta. Este estudo realizou a  pesquisa do HPV de alto risco oncogênico em 50 amostras

 Fernanda Dahrouge Chiarot [1]

Biomédica e Gerente técnica e de qualidade do Instituto de Pesquisa em Oncologia Ginecológica – IPOGLab, SP 1

Fernanda Del Priore[2]

Bióloga e Gestora Comercial  – Grupo Kolplast Ltda,SP 2

 

RESUMO

A infecção persistente pelo vírus HPV de alto risco oncogênico é o principal responsável pelo  desenvolvimento do câncer de colo uterino.  No Brasil, o sistema de rastreio do CCU inclui a detecção precoce do vírus HPV e um programa de vacinação.  O programa de rastreio utiliza o método de citologia oncótica e recentemente foi incorporado o ensaio molecular de genotipagem para o vírus HPV, visando a melhoria no sistema de identificação do vírus e redução da mortalidade. O sistema em meio líquido proporcionou o aprimoramento da citologia convencional, aumentando a sensibilidade e especificidade do método e a possibilidade da ampliação de outros ensaios moleculares a partir de uma única coleta. Este estudo realizou a  pesquisa do HPV de alto risco oncogênico em 50 amostras coletadas em meio líquido CellPreserv Kolplast pelas metodologias moleculares de Captura Híbrida 2v2 e por PCR tempo real  Cobas 4800 (ROCHE®). Resultados: O valor de Kappa 0,745, indica uma boa a ótima concordância entre os resultados a cada técnica avaliada. O desempenho da metodologia Cobas 4800 (PCR) foi levemente melhor do que o desempenho da Captura Híbrida para a detecção de HPV, de acordo com a taxa de sensibilidade apresentada pelas duas técnicas (89% da PCR contra 80% da Captura Híbrida). O meio conservante CellPreserv Kolplast demostrou ótimo desempenho com resultados válidos demostrando ser um aliado na prevenção do CCU.

Palavras-chave: HPV, Citologia em meio líquido, rastreio de câncer do colo de útero

ABSTRACT

Persistent infection with the high oncogenic risk HPV virus is mainly responsible for the development of cervical cancer.  In Brazil, the CCU screening system includes early detection of the HPV virus and a vaccination program.  The CCU screening program uses the oncotic cytology method and recently, with the aim of improving the virus identification system and reducing mortality, the molecular genotyping assay for the HPV virus was incorporated. The liquid media system provided an improvement to conventional cytology, increasing the sensitivity and specificity of the method and expanding other molecular assays from a single collection. High oncogenic risk HPV was investigated in 50 samples collected in CellPreserv Kolplast liquid medium using the Hybrid Capture®2v2 molecular methodologies and real-time PCR (polymerase chain reaction) using the Cobas 4800 system (ROCHE®). The Kappa value of 0.745 indicates good to excellent agreement between the results for each technique evaluated. The performance of the Cobas 4800 methodology (PCR) was slightly better than the performance of Hybrid Capture for the detection of HPV, according to the sensitivity rate presented by the two techniques (89% of PCR versus 80% of Hybrid Capture). The CellPreserv Kolplast preservative medium demonstrated excellent performance with valid results demonstrating that it is an ally in helping to prevent CCU.

Keywords: HPV, liquid cytology, cervical cancer screening

INTRODUÇÃO

Nas últimas cinco décadas a prevenção do câncer de colo uterino (CCU) progrediu efetivamente devido aos avanços no conhecimento sobre sua causa, efeito, desenvolvimento, diagnóstico e prevenção1,2.

 O  vírus do Papilomavírus Humano (Human Papillomavirus – HPV) é a principal infecção sexualmente transmitida (IST) e é o responsável pelo  desenvolvimento de lesões precursoras de CCU em casos de persistência de infecção viral de genótipos de alto risco oncogênico. Os genótipos de alto risco, 16 e 18 são os responsáveis por 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas. O vírus HPV tem tropismo pelo epitélio escamoso e por mucosas, acometendo o trato genital inferior e região da orofaringe3,4,5,6,7.

No Brasil, o sistema de rastreio do CCU inclui a detecção precoce do vírus HPV e um programa de vacinação frente aos principais tipos virais que podem causar a neoplasia4,8.

No país, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados 16.710 casos novos, o que representa um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres9. Na análise regional, o câncer do colo do útero é o primeiro mais incidente na região Norte (26,24/100 mil) e o segundo nas regiões Nordeste (16,10/100 mil) e Centro-Oeste (12,35/100 mil). Já na região Sul (12,60/100 mil) ocupa a quarta posição e, na região Sudeste (8,61/100 mil), a quinta posição10. No Brasil, a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero, ajustada pela população mundial, foi de 4,60 óbitos/100 mil mulheres, em 2020. Na série histórica das taxas de mortalidade do Brasil e regiões, é possível observar que é na região Norte que se evidenciaram as maiores taxas do país, com nítida tendência temporal de crescimento entre 2000 e 201711.

Por muitos anos no país, a metodologia primária utilizada no programa preconizado de rastreio foi a citologia oncótica ou teste de Papanicolaou9,12. Os programas organizados de rastreamento do câncer de colo uterino em países desenvolvidos, que utilizam o exame de citologia oncótica, demonstraram uma redução significativa na incidência da doença e na mortalidade, em relação a países em desenvolvimento13.

Mudanças nas recomendações de rastreamento mundial foram significativas na última década, devido às evidências de regressão de resultados citológicos anormais na grande maioria dos casos, uma vez que muitas mortes ainda ocorrem a cada ano devido CCU, mesmo entre mulheres que realizaram o acompanhamento, o que indica que há falha no método. Entre os motivos observa-se resultados falso-negativos (FN), em sua maioria decorrentes de erros na amostragem celular, fixação inadequada do material, informes clínicos insuficientes e erros de análise14.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), assim como os países: Canadá, França e Irlanda recomendam ensaios de genotipagem de HPV como método primário de rastreamento do CCU, devido sua maior eficácia na redução da incidência e mortalidade em relação a citologia15.  

Os ensaios da pesquisa do DNA-HPV através de metodologias moleculares, apresentam sensibilidade superior ao da citologia oncótica, é um método não invasivo, de fácil coleta, que possibilita a identificação do vírus. Os ensaios moleculares associados ao morfológico, foram propostos e adaptados em diversos países desenvolvidos, para a prevenção e rastreio da neoplasia, aumentando a eficácia dos programas de rastreio, pois detectam precocemente lesões de alto risco em mulheres com 30 anos ou mais com citologia NILM, e reduzindo a necessidade de coloscopias e tratamentos desnecessários em doentes com 21 anos ou mais com citologia ASC-US5,6,7.

Os programas de rastreamento para detecção precoce do CCU e das lesões precursoras são fundamentais para o controle e a prevenção da doença, assim recentemente no Brasil, uma nova diretriz – Portaria SECTICS/MS No.3 de 07 de março de 2024, publicada no Diário Oficial da União 16  – estabeleceu a utilização dos testes moleculares para detecção do vírus do HPV de alto risco oncogênico no rastreamento de câncer de colo uterino, visando a melhoria no sistema de identificação do vírus na população e suas consequências. Assim, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, a utilização foi recomendada para os testes moleculares para detecção de HPV oncogênico, por técnica de amplificação de ácido nucléico baseada em PCR, com genotipagem parcial ou estendida para o rastreamento do câncer de colo de útero em população de risco padrão e conforme as Diretrizes do Ministério da Saúde. As diretrizes de rastreio utilizando o papanicolaou recomenda-se que o exame seja realizado a cada três anos e, em caso de detecção de alguma lesão, de forma anual, já a testagem molecular é recomendada a cada cinco anos15. Essa mudança permite uma melhor adesão facilitando o acesso ao exame para todas as mulheres.

Citologia em Meio líquido e Biologia Molecular

Na década de 90 surgiram diversas metodologias inovadoras de citologia em base líquida ou citologia líquida (CML), as quais aperfeiçoaram a metodologia convencional da citologia oncótica desenvolvida nos anos 40 pelo médico Geórgios Papanicolaou e não alterada há anos17. Esse aprimoramento de metodologia possibilitou o aumento da acurácia, sensibilidade e especificidade do exame. A coleta do exame foi modificada, ao invés do esfregaço realizado diretamente sob a lâmina, na qual descarta-se a espátula com toda a representatividade significativa de células coletadas, na citologia em meio líquido, o escovado cérvico-vaginal é inserido em um meio líquido conservante em sua totalidade celular em que foi coletada. No meio líquido, o escovado é submetido a uma homogenização do material e as células são lavadas, permitindo o preparo de lâminas contendo células concentradas em uma área de 20 mm, com redução da sobreposição celular 17. A CML permite que as células permaneçam na lâmina em uma camada fina, sem sobreposições, facilitando a leitura das lâminas e proporcionando uma melhor visualização pela retirada de elementos obscuros, como sangue, exsudato inflamatório, debris menstrual e muco18,19,20.

Muitos estudos demostram que a evolução da metodologia convencional para em meio líquido comprovam uma diminuição de casos falso negativo de 5,6% na CC para 2,2% na CML 21.

A finalidade das novas tecnologias de preparo da lâmina e dos meios líquidos conservantes comercializados é manter a estabilidade e morfologia celular íntegras, para uma análise de excelência e redução considerável de presença de interferentes,  otimizando o aumento da capacidade de detectar lesões pré-cancerosas quando comparado com a citologia convencional. Essa diluição do escovado celular coletado, permitiu a ampliação para outras análises a partir de uma mesma  coleta, trazendo um cenário de novas oportunidades e investigações moleculares para o benefício da paciente e de sua saúde 19,20,21,22.

Os conservantes da citologia em meio líquido permitem que as células coletadas permaneçam viáveis para uma análise por maior tempo, em relação ao esfregaço em lâmina da citologia convencional, que após ser preparada já deve ser colorada. A CML permite a confecção de outras lâminas para confirmação de um resultado discordante ou  a elaboração de nova lâmina em casos de erros ou problemas pré-analíticos, tais como quebra do material ou perda do mesmo, sem que a paciente tenha que ser reconvocada para uma nova coleta19,20,21,22.

Com  a nova Portaria SECTICS/MS No.3 de 07 de março de 2024, publicada no Diário Oficial da União, a coleta da citologia em meio líquido, comparada a convencional, auxiliará na  genotipagem para HPV como teste de rastreio primário, além de possibilitar a utilização da citologia reflexa, evitando que a mulher com HPV de alto risco positivo, durante o rastreamento preventivo, tenha que retornar ao serviço de saúde para nova coleta para fins de triagem citológica16, 23,24,25.

Os coletores conservantes disponíveis e utilizados em ensaios moleculares, antes do aprimoramento da citologia em base líquida, não foram desenvolvidos com a finalidade de preservação da morfologia celular, eles foram elaborados apenas para a conservação dos material genético, DNA e/ou RNA. Esses conservantes realizavam a lise das membranas celulares para a preservação  e conservação somente do material genético em temperatura ambiente e posteriormente até por mais tempo sob refrigeração26.

Com o surgimento dos novos conservantes para CML no mercado, que preservavam a morfologia celular e consequentemente o material genético, sua aplicabilidade em ensaios moleculares demostrou ser um fator benéfico e importante na ampliação de pesquisas de doenças relacionadas a patologias da região do trato  genital inferior.  Essa homologação de meios líquidos específicos para detecção do vírus do HPV e IST’s permitiu a comodidade da realização do teste primário de rastreio do CCU e além da testagem molecular da mesma representatividade celular de uma única coleta 18,19

Com o surgimento de diversos tipos de conservantes no cenário da citologia oncótica em meio líquido, as validações analíticas foram necessárias e progrediram nos laboratórios conforme suas necessidades e utilização de kits. As principais plataformas moleculares realizaram validações com os meios conservantes de CML, com o intuito de desenvolver protocolos com a mesma perfomance dos coletores usuais homologados inicialmente. Os protocolos desenvolvidos priorizaram inicialmente três pontos relevantes para manter os padrões analíticos de suas tecnologias: a primeira foi manter a concentração celular inicial, isso através de etapas de centrifugação com uma concentração prévia, já que ambos os coletores possuíam volumes iniciais distintos,  os voltados para ensaios moleculares apresentavam 1 ml e os de CML 10 à 20ml.  O segundo ponto foi realizar o rompimento das membranas celulares que estavam preservadas nos conservantes de CML, assim a próxima etapa foi a de desnaturação térmica e/ou mudança de pH. O terceiro foi identificar se a composição química dos conservantes não repercurtiria em possíveis interferência nas reações moleculares, causando inibições de reações e podendo levar a resultados insatisfatórios ou errôneos23,24,25.

A concentração e componentes presentes em diversos kits coletores são fatores importantes para a qualidade do produto final, quando usados com finalidades moleculares. Meios líquidos a base de metanol demostram preservar a estrutura morfológica, além de permitir que a estrura molecular se mantenha sem interferentes reacionais. Muitos meios coletores de CML, que apresentam em sua composição formaldeídos, demonstram interferir significativamente na estrutura molecular da célula prejudicando assim, a utilização dessas coletas para investigações moleculares de maneira eficiente.   A formalina é muito utilizada como preservador morfológico, porém favorece ligação cruzada do DNA do HPV entre outros alvos as proteínas nucleares, conhecido como ligações crosslinking,  o que irá resultar na fragmentação do DNA e causar a interferência na amplificação por PCR, reduzindo a sensibilidade do ensaio e possibilidade de resultados falso-negativos27,28.

 O coletor do Sistema de Citologia Líquida CellPreserv Kolplast foi submetido a validações moleculares em laboratórios privados e públicos, compreendendo diversas plataformas de Biologia Molecular. Sua composição a base de metanol proporciona ao meio conservante uma performance adequada ao carregamento direto para exames de PCR tempo real, sem a necessidade de tratamentos prévios para retirada de componentes, tais como formalina. Sua composição demostrou, em diversos estudos realizados, uma ótima performance analítica, sem ocasionar interferência e/ou inibição de seus componentes químicos conservantes nas reações de PCR tempo real, além de permitir que a coleta e transporte do material permaneça conservado em temperatura ambiente, sem a necessidade de refrigeração prévia 29.

 O meio líquido CellPreserv Kolplast demostra alta estabilidade, preservação da morfologia celular e do material genético nas amostras, performance de excelência para exames moleculares e auxilia com eficácia no aumento da capilaridade na realização dos exames preventivos, facilitando  o manejo e medidas de rastreamento do câncer de colo de útero na população de risco, conforme as Diretrizes do Ministério da Saúde.

O objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho do meio líquido CellPreserv Kolplast para ensaios moleculares para detecção do vírus do HPV.

CASUÍSTICA E MÉTODO

Foram testadas 50 espécimes de escovados cérvico-vaginais, coletados do meio líquido CellPreserv Kolplast, no laboratório privado IPOGLab – São Paulo/Brasil. Todas as amostras foram testadas por técnicas moleculares consideradas padrão ouro para os tipos de HPV de alto risco oncogênico.

As metodologias moleculares testadas foram Captura Híbrida 2v2 30 , para o grupo de HPV alto risco oncogênico (tipos: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68)  (QIAGEN®) com sensibilidade analítica de 1pg/ml ou 5.000 cópias virais, e o ensaio por PCR tempo real (reação em cadeia da polimerase) pelo sistema Cobas 4800 (ROCHE®)31 com genotipagem específica HPV de alto risco oncogênico: HPV 16 e HPV 18 e  para o grupo em conjunto: 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66 e 68, sua sensibilidade analítica parte de 50 cópias virais. Ambos ensaios foram realizados no laboratório IPOGLab, São Paulo.

Os protocolos de carregamento em ambas as metodologias, foram seguidas conforme desenvolvido para o meio líquido PreservCyt (HOLOGIC®).

RESULTADOS

Os resultados obtidos entre as metodologias testadas foram demostrados na Tabela 1. A comparação dos resultados pode ser apresentada através da taxa global de concordância entre os métodos diagnósticos e pelo indicador Kappa.

Tabela 1. Resultados da pesquisa HPV alto risco Oncogênico por Captura Híbrida 2v2 (QIAGEN®) e PCR tempo real Cobas 4800 (ROCHE®)

 

Amostra

 

Captura Híbrida HPV Alto Risco (RLU/CO)

 

Resultado PCR Cobas HPV
Alto Risco

 

 

1

 

0,18

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

2

 

0,23

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

3

 

0,21

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

4

 

0,26

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

5

 

0,18

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

6

 

2,17

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

7

 

446,27

Positivo

 

HPV 16 + /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

8

 

0,18

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

9

 

20,22

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 + /HPV outros tipos +

 
 

10

 

0,19

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

11

 

24,25

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

12

 

0,17

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

13

 

31,08

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

14

 

0,18

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

15

 

0,23

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

16

 

929,73

Positivo

 

HPV 16 + /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

17

 

0,27

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 

 

18

 

0,33

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

19

 

0,24

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

20

 

0,21

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

21

 

37,03

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

22

 

0,35

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 

 

23

 

0,25

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

24

 

0,82

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 

 

25

 

11,91

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

26

 

18,38

Positivo

 

HPV 16 + /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

27

 

0,23

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

28

 

0,21

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

29

 

1,49

Positivo

 

HPV 16 + /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

30

 

1,34

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

31

 

0,2

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

32

 

0,17

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

33

 

0,19

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

34

 

0,2

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

35

 

0,2

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

36

 

0,23

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

37

 

1,24

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

38

 

0,19

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

39

 

7,78

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

40

 

2,94

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

41

 

0,16

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

42

 

0,21

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

43

 

70,53

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

44

 

12,05

Positivo

 

HPV 16 + /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

 

45

 

0,44

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 

 

46

 

7,91

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos +

 
 

47

 

16,97

Positivo

 

HPV 16 – /HPV 18 + /HPV outros tipos +

 
 

48

 

0,18

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

49

 

0,17

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 
 

50

 

0,33

Negativo

 

HPV 16 – /HPV 18 – /HPV outros tipos –

 

Valores de Referência Captura Híbrida HPV 2v2:

RLU/PC menor que 1,0: Negativo

RLU/PC maior ou igual a 1,0: Positivo

Valor de Referência Sistema Cobas® 4800

HPV: Negativo

Os cálculos estatísticos para detecção molecular do vírus so HPV, em amostras coletadas do meio líquido CellPreserv Kolplast, foi realizada através do cálculo do valor Kappa:

Kappa = Po – Pe / 1-Pe

Po= Proporção de concordâncias observadas

Pe = Proporção de concordâncias esperadas

Conforme as Tabelas 2 e 3, os dados foram calculados foram relacionados a duas situações, a primeira utilizando a técnica de PCR Cobas 4800 (ROCHE®) como padrão-ouro (Tabela 2) e a segunda utilizando a técnica de Captura Híbrida 2v2 (QIAGEN®) como padrão-ouro (Tabela 3).  Nota-se que a sensibilidade e a especificidade da Captura Híbrida para detectar HPV, se considerarmos o resultado da PCR como o verdadeiro, são de 80% e 93%, respectivamente. O valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN), por sua vez, nesta situação, são de 89% e 88%. A taxa de classificação correta foi 88% e a taxa de classificação incorreta foi 12%. No caso de considerarmos o resultado da Captura Híbrida como o verdadeiro, nota-se que as taxas de sensibilidade e de especificidade da PCR em detectar o HPV são de 89% e 88%, respectivamente. Os valores de VPP e VPN, neste cenário, são de 80% e 93%, respectivamente. A taxa de classificação correta também foi calculada em 88% e a taxa de classificação incorreta também foi calculada em 12%.

O cálculo do valor de Kappa para esta análise segue abaixo:

Po= 44/ 50, logo Po = 0,88

Pe= 1320/2500, logo Pe= 0,528

Kappa = 0,352/0,472, logo Kappa = 0,745

 

Observamos que para a detecção de HPV pelas duas metodologias em amostras coletadas em coletor CellPreserv Kolplast, a taxa de concordância entre técnicas foi de 88% (44 amostras concordantes em uma população de 50 amostras no total) com um valor de Kappa de 0,745.

Tabela 2: Resultados obtidos pelas técnicas de Captura Híbrida e Cobas 4800 (PCR) para a detecção de HPV em amostras coletadas em coletor CellPreserv Kolplast, considerando-se o sistema cobas 4800 (PCR) como padrão-ouro:

 

Tabela 3: Resultados obtidos pelas técnicas de Captura Híbrida e Cobas 4800 (PCR) para a detecção de HPV em amostras coletadas em coletor CellPreserv Kolplast considerando-se a Captura Híbrida como padrão-ouro:

 

DISCUSSÃO

As metodologias de rastreio do câncer de colo uterino e os programas desenvolvidos para sua prevenção com eficácia dependem de fatores de metodologias sensíveis, específicas e de custo acessível para uso na população, além da praticidade para diminuição de desvios pré-analíticos e analíticos.

As metodologias estabelecidas e em uso, como o exame de papanicolaou passaram por aprimoramentos para melhorar sua eficácia. A citologia em meio líquido favoreceu a otimização de fatores interferentes e limitantes da citologia convencional, além de permitir a ampliação dos exames moleculares que podem ser realizados da mesma coleta23,24,25.

A composição química dos meios líquidos conservantes desenvolvidos para citologia líquida são um fator importante para que o seu desempenho nos ensaios moleculares seja mantido7.

O meio líquido CellPreserv Kolplast demostrou ser um coletor indicado para a ampliação dos ensaios moleculares, não demostrou inibir as reações e os ensaios. Nos testes realizados não houve interferência e inibição na reação de PCR tempo real. Todas amostras apresentaram a detecção do seu DNA genômico e as reações dentro dos valores esperados do ensaio, demostrando assim que a reação apresentou uma performance adequada.

 O estudo apresentou  valor de Kappa obtidos para a detecção de HPV de alto risco de 0,745.

O desempenho da metodologia Cobas 4800 (PCR) foi melhor do que o desempenho da Captura Híbrida para a detecção de HPV, de acordo com a taxa de sensibilidade apresentada pelas duas técnicas (89% da PCR contra 80% da Captura Híbrida) além de permitir a identificação especifica entre os principais genotipos HPV 16 e 18. Entretanto, este ganho de sensibilidade da metodologia Cobas 4800 (PCR)  foi acompanhado por uma pequena perda na taxa de especificidade, quando comparada com a metodologia de Captura Híbrida (88% da PCR contra 93% da Captura Híbrida). Assim, verifica-se que enquanto a Captura Híbrida teve dificuldade em identificar os indivíduos não infectados pelo HPV (VPN de 88% da Captura Híbrida contra 93% da PCR), a PCR teve dificuldade em identificar indivíduos verdadeiramente infectados pelo HPV (VPP de 80% da PCR contra 89% da Captura). Estes dados refletem os dados de literatura disponíveis quando as duas técnicas foram comparadas em outros estudos32,33.

Deve-se ressaltar que houveram algumas amostras discordantes entre as duas técnicas, sendo que para a detecção de HPV de alto risco oncogênico, duas amostras resultaram positivas para Captura Híbrida e negativas na Cobas 4800 (PCR) e quatro amostras resultaram positivas para Cobas 4800 (PCR) e negativas para Captura Híbrida.

Outra diferença que deve ser levada em consideração na análise destas amostras é o fato da metodologia de PCR de alto risco detectar o HPV-66, que é um tipo de HPV que não é identificado pela técnica de Captura Híbrida, além de possuir uma sensibilidade analítica superior, aumentando a identificação do vírus.

Já foi descrito em literatura que até 5% das amostras testadas tanto pela técnica de Captura Híbrida quanto pela técnica de PCR para a detecção de HPV podem apresentar resultado positivo para Captura Híbrida e negativo para PCR, como em 3 casos que ocorreram nesta validação, do qual o resultado foi repetido em ambas as técnicas e confirmado 32,33.

A utilização do meio líquido CellPreserv Kolplast para a detecção de HPV pelo sistema Cobas 4800 (PCR) atendeu aos critérios previamente dispostos: apresentou um valor de concordância correta (acurácia) elevado (compreendido entre 88% e 100%, dependendo do tipo de análise), uma taxa de concordância incorreta baixa (compreendida entre 6% e 12%, dependendo do tipo de análise) e valores do índice Kappa compreendidos entre as faixas boa e ótima (0,60 a 1,00).

O meio líquido CellPreserv Kolplast demostrou ser um aliado com alto desempenho para a utilização em metodologias de biologia molecular, auxiliando no rastreamento do vírus do HPV de alto risco oncogênico no sistema de prevenção do câncer de colo uterino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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